O início do primeiro semestre de 2017 na ESEG contou com Aula Magna ministrada no dia 8 de março, no período da manhã, pelo consultor de estratégia e gestão Luis Oliveira, que falou sobre a aplicação das metodologias Lean e Seis Sigma, destinadas à melhoria da eficiência e produtividade das empresas.

Com a participação dos professores doutores Flávio D’Angelo e Silvia Boarin, da ESEG, o evento foi destinado a alunos e docentes do período matutino. “Quem hoje está buscando qualificação e uma posição melhor no mercado de trabalho precisa estar antenado com as metodologias e tendências relacionadas à gestão dos processos de produção e de qualidade, e em como aplicá-las”, afirmou Luis, graduado em Estatística, pós graduado em Administração de empresas e certificado como engenheiro de qualidade pela American Society for Quality (ASQ).

Desde empresas com 10 funcionários até grandes corporações mundiais de todas as áreas podem utilizar e se beneficiar da aplicação de metodologias como o Lean, que “envolve a utilização de ferramentas, conceitos e métodos formadores de uma nova filosofia de trabalho”, nas palavras de Luis.


O consultor aponta que, com a aplicação de tais métodos, é possível conseguir eliminação ou redução significativa de desperdícios, ganho de tempo (aumento de produtividade) e melhora na qualidade do produto ou serviço.

Na apresentação, que aconteceu na Sala de Palestras da ESEG, o especialista explicou que o sistema Lean, desenvolvido no Japão há mais de 100 anos, no pós-guerra, em período de escassez de recursos, tem um forte componente cultural e comportamental. “É algo que se internaliza com o tempo, fazendo com que todos os envolvidos no processo de produção passem a utilizar menos recursos e a entregar mais e melhores resultados, superando as expectativas do cliente”, complementa.

Para explicar a metodologia, foi aplicado um jogo que simula o fluxo de produção em uma empresa. Os alunos puderem ver, na prática, o que realmente tem importância e gera valor, e o que atrapalha os processos produtivos tanto na manufatura quanto no escritório.

Segundo o consultor, toda empresa tem problemas aparentemente pequenos, mas que acabam atuando como verdadeiros “ladrões de tempo”. São situações corriqueiras que atrapalham ou emperram o andamento dos negócios e geram nos funcionários uma frustração por não ter conseguido fazer todas as coisas programadas.

O maior desafio, de acordo com o que foi exposto na palestra, é conseguir identificar o desperdício, classificado como “qualquer coisa que tem custo sem agregar o benefício correspondente”. Em geral, os maiores desperdícios observados nas organizações podem ser divididos em oito categorias: excesso de produção; espera (processo parado); movimentação desnecessária; estoque excessivo; produtos defeituosos; processos deficientes; transporte; e (o não aproveitamento adequado do) talento das pessoas.

Uma vez identificados, os desperdícios de tempo, recursos e energia podem ser mais facilmente eliminados. “O Lean é como uma faxina , que pode ser aplicada a 100% dos processos da empresa”, conclui o especialista.


Seis Sigma

Criado nos Estados Unidos nos anos 80, o Seis Sigma consiste em uma escala estatística que vai de 1 a 6 do conceito de “desvio padrão” - sendo 1 o pior nível e 6 o melhor.  É uma metodologia que avalia a ocorrência (ou probabilidade de ocorrência) de falhas na execução dos processos da empresa, com impacto no resultado do negócio.

“Adotam-se essas técnicas estatísticas com o intuito de reduzir a variabilidade (ou desvios) para o menor grau, o que acaba levando a melhores resultados em termos de qualidade com menores custos. As empresas que incorporam o Seis Sigma costumam iniciar na escala 2, com erros de 308,537 partes por milhão, e chegam gradativamente à escala 6, que admite apenas erros de 3,4 partes por milhão”, explica Luis.

Como é um método que envolve conceitos de estatística, Luis aconselha que não se comece um trabalho de revisão dos processos de eficiência e qualidade de uma empresa com a implantação do Seis Sigma. “É possível resolver problemas menores com outros métodos menos complexos, como o Lean”, afirma.

A maior dificuldade das empresas, para o especialista, é fazer o diagnóstico correto dos problemas enfrentados e que precisam ser resolvidos. Ainda assim, ele indica que o fator humano é sempre mais crítico do que os aspectos técnicos, que podem ser resolvidos com capacitação, treinamento e monitoria.

Na visão dele, a aplicação do binômio Lean e Seis Sigma implica uma mudança de cultura organizacional que envolve aspectos sociais, psicológicos e comportamentais de funcionários de todos os escalões. “É importante que as pessoas comprem a ideia, sejam convencidas de que aquilo irá ajudar. Feito isso, fica mais fácil capacitá-las para a implementação, divulgação e aprofundamento das metodologias adotadas”, afirma.

Por fim, ele deixou um recado para os alunos da ESEG que estão se preparando para entrar no mercado de trabalho ou para melhorar suas posições no mercado: “é fundamental que as novas gerações tenham a visão de que metodologias como Lean e Seis Sigma e outras como Canvas e Design Thinking podem ter grande impacto nas empresas, e saibam como aplicá-las. Não é algo para ser utilizado por um período e acabar; é algo que deve ser aperfeiçoado continuamente”, finaliza.