Os professores Aline Barbosa e Marcello Romani foram premiados no XLIII Encontro da ANPAD – EnANPAD 2019 por artigo científico na área de Estudos Organizacionais. O evento, que ocorreu de 2 a 5 de outubro, é um espaço de interlocução entre pesquisadores e acadêmicos e, nesse sentido, privilegia e estimula o debate aprofundado e a interação entre os participantes.
A avaliação dos trabalhos leva em conta a qualidade do texto, a estrutura e principalmente a temática, a contribuição social, a abrangência e o impacto que promove. Apenas 30% dos trabalhos enviados são aprovados para compor os anais do congresso. “O evento é uma vitrine. As melhores escolas do país, em tradição de pesquisa, estão lá. E a ESEG estava representada, o que, para nós, é muito gratificante”, disse a prof. ª Aline Barbosa.
O EnANPAD proporciona a oportunidade de troca entre pesquisadores, de modo a alavancar a formação e o fortalecimento de redes de pesquisa. É o principal congresso de Administração da América Latina e fica atrás apenas do Academy of Management, nos Estados Unidos. “Nosso artigo colocou-se entre os três indicados na divisão de Estudos Organizacionais, que teve cerca de 300 artigos aprovados”, disse Romani. O subtema do trabalho, intitulado “Objectification and Commodification of Women: Gender Violence in the Brazilian University Context”, foi Crime Organizacional, que investiga, estuda e analisa relações dentro de empresas.
Parte da tese de doutorado da prof. ª Aline Barbosa, o artigo foi produzido entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019. “Comecei a tese no primeiro semestre de 2017 e finalizei em 2019. Foram dois anos e meio de processo”, disse ela. “Para transformar a tese em artigo, fizemos um trabalho de reescrever os parágrafos, repensar a lógica, embasar”, completou Romani. Sobre os desafios na produção do artigo, a docente da ESEG ressalta a necessidade de ir além do trabalho descritivo: “É preciso contribuir não só para a prática, mas para a teoria, para a literatura”.
A produção científica do corpo docente da ESEG é assídua. Professores, de todas as áreas, desenvolvem artigos, participam de congressos e publicam resultados de estudos em revistas nacionais e internacionais. “Se você passa por esse processo de investigação científica, o seu rigor, inclusive em sala de aula, aumenta. Você se embasa a partir de diferentes fontes. Então, o processo não é só pesquisa”, explicou Romani.
A ESEG apoia os docentes com inscrições em congressos e com o forte incentivo à Iniciação Científica, que conecta estudantes e professores no desenvolvimento de pesquisas. As descobertas realizadas e os avanços tecnológicos gerados a partir dessa investigação científica são expostos em congressos e reconhecidos, com premiações, por importantes órgãos da ciência.
Para os alunos da graduação, envolver-se com a ciência é uma das formas de se destacar no mundo acadêmico e no mercado de trabalho. “Cada linha no currículo conta muito. Pode ser a participação em um congresso, um projeto de iniciação científica, um TG premiado. Tem uma outra questão, mais pragmática: aumenta a capacidade analítica do aluno”, declara Romani.
Sobre os desafios na produção do trabalho, os autores ressaltaram o tema, o método e os entrevistados. “Adotei uma técnica de pesquisa que chamamos de snow ball, bola de neve. Cada entrevistada me indicava uma outra pessoa. E a cada entrevista o desafio ficava maior”, relata Aline. “A pesquisa busca a verdade dos fatos, é o que ela tem que fazer”, acrescenta Romani. A coleta de dados, bem como a triangulação e relativização da pesquisa, são pontos destacados pelos doutores em Administração como essenciais na produção de um bom trabalho.
Por fim, a relevância social do tema tratado contribui para a conquista do prêmio. Assédio e a violência contra mulheres em ambientes acadêmicos são fenômenos já conhecidos, mas ao serem descritos na literatura científica ganham credibilidade e ressonância: “Quando nós falamos academicamente sobre esse assunto, mostramos que ele ainda é real”, expõe Aline. “Ao escrevermos um artigo sobre esse tema, ressaltamos aquele fenômeno”, adiciona Romani. “Devemos ir além da triangulação sobre um tema interessante. Podemos fazer pesquisa sobre um tema que, em alguma medida, vai trazer insights para melhorar algo. Esse é um desafio enorme”, finaliza o professor.