Guilherme Moreira, economista da Fiesp e do Ciesp, apresentou, no dia 14 de março, um panorama do setor industrial brasileiro para alunos da ESEG que cursam as disciplinas Economia e Empreendedorismo.
O especialista indicou que a “desindustrialização do Brasil” (a participação da indústria no PIB já foi de 22% e hoje representa apenas 11,5%) aconteceu por uma série de questões macroeconômicas como, por exemplo, a taxa de câmbio baixa (em uma tentativa de segurar a inflação), a aposta na produção/exportação de commodities e o elevado custo de se produzir no Brasil.
Com o câmbio baixo, aumentaram as importações e os produtos fabricados aqui dentro precisaram manter o preço para conseguir concorrer com os de fora. No entanto, o setor de serviços (cabeleireiros, restaurantes etc.) aumentou seus preços significativamente. Ou seja, os custos de produção aumentaram, mas a indústria não pode repassar o valor para o produto. Já basear a indústria apenas na produção de commodities é ruim porque é um processo de cadeia produtiva curta, que não envolve muita gente entre a matéria prima e o produto final, gerando menos empregos e menos movimento econômico.
Além disso, o economista criticou a burocracia que as empresas enfrentam para produzir no Brasil: “é um ambiente de negócio muito mais difícil, mais caro, com mais impostos do que em outros países. As empresas deixam de exportar e perdem lugar no mercado interno”, explica.
O grande problema em “desindustrializar o país” é que, principalmente em momentos de crise, o poder multiplicador da indústria diminui. Se a participação do setor no PIB caiu pela metade, a capacidade de sair da crise com a ajuda dele também está reduzido em proporção semelhante.
Ainda assim, Guilherme está otimista com relação ao surgimento de novas oportunidades a partir deste ano. Ele acredita que o pior já passou e que crescer 0,5% em 2017 já é muito positivo. Para ele, o Brasil sempre vai precisar de uma indústria forte, já que só a importação não é capaz de suprir as demandas de uma economia sofisticada e com poder de consumo alto como a nossa.
Para o economista, o governo pode ajudar a reverter esse cenário mais rapidamente. “O papel do governo é facilitar ao máximo a atividade empresarial sem escolher esse ou aquele setor. Tem que desburocratizar e reduzir a carga tributária de quem produz. Isso dinamiza a economia como um todo, pois gera ganhos que se espalham por todos os setores da sociedade com a criação de empregos”, disse.
Como dica para os alunos da ESEG que estão se formando neste e no próximo ano, ele apontou a qualificação. “Toda saída de crise significa que coisas foram destruídas e que coisas novas terão que ser construídas. Portanto, a partir de 2017 o país vai voltar a crescer, e quem estiver qualificado vai ter muitas oportunidades, principalmente nas áreas técnicas”, concluiu.
Assista aqui a um vídeo sobre o evento.